A luz da Palavra

Palavra de Deus 2

SOLENIDADE DOS SANTOS PEDRO E PAULO APÓSTOLOS  

29 de junho de 2025

Leituras:  At 12,1-11  /  2Tm 4,6-8.17-18  /  Mt 16,13-19

Festejar as colunas da Igreja

A festa desses grandes Apóstolos é ao mesmo tempo uma grata memória das grandes testemunhas de Jesus Cristo e uma solene confissão em favor da Igreja una, santa, católica e apostólica. É antes de tudo uma festa da catolicidade. É sinal do Pentecostes, a nova comunidade que fala em todas as línguas e une todos os povos num único povo, numa só família de Deus e este sinal tornou-se realidade. Pedro e Paulo são chamados “colunas” da Igreja nascente. Testemunhas insignes da fé, dilataram o Reino de Deus com os seus diversos dons e selaram com o sangue a sua pregação evangélica. O seu martírio é sinal de unidade da Igreja, como diz Santo Agostinho: “Um único dia é consagrado à festa dos dois Apóstolos. Mas também eles eram um só. Não obstante tenham sido martirizados em dias diferentes, eram um só. Pedro precedeu, Paulo seguiu”.

 Os dois Apóstolos prestaram o seu testemunho supremo à distância de pouco tempo e espaço um do outro: em Roma, foi crucificado São Pedro e sucessivamente foi decapitado São Paulo durante a perseguição de Nero pelo ano 64. Eles são os últimos dois anéis de uma corrente que nos une ao próprio Cristo. Em certo sentido, nossa comunhão com Jesus passa através deles. Nós celebramos, por isso, a festa dos “fundadores” de nossa fé, dos antepassados do povo cristão.

No Evangelho a identidade de Jesus confessada por Simão, em nome dos Doze, não provém “da carne e do sangue”, isto é, das suas capacidades humanas, mas de uma especial Revelação de Deus Pai. Também sobressai a promessa de Jesus: “as portas do inferno”, isto é, as forças do mal, “não conseguirão vencê-la”. Na realidade, a promessa que Jesus faz a Pedro é ainda maior do que as promessas feitas aos profetas antigos: de fato, os profetas encontravam-se ameaçados por inimigos somente humanos, enquanto Pedro terá de ser defendido das “portas do inferno”, do poder destrutivo do mal. Ele recebe garantias relativamente ao futuro da Igreja, da nova comunidade fundada por Jesus Cristo e que se prolonga para além da existência pessoal do próprio Pedro, ou seja, por todos os tempos. A Igreja, portanto, não é uma sociedade de livres pensadores, mas é a comunidade daqueles que se unem a Pedro em proclamar a fé em Jesus Cristo. Quem edifica a Igreja é Cristo. É ele que escolhe livremente um homem e o põe na base do edifício. Pedro é apenas um instrumento, a primeira pedra do edifício. Todavia, doravante, não se poderá estar verdadeira e plenamente na Igreja, como pedra viva, se não estiver em comunhão com a fé de Pedro e sua autoridade.

São Paulo é hoje apresentado na prisão que terminará com o seu martírio. O Apóstolo está consciente da sua situação; porém, as suas palavras não revelam amargura, mas a serena satisfação de ter gasto a sua vida pelo Evangelho: “Combati o bom combate”. fiel a Cristo e à sua Igreja, por quem se consumou totalmente. Por isso, o Senhor lhe deu a coroa de glória e colocou-o como uma das colunas no edifício espiritual da Igreja. Paulo estava muito consciente de que todos nós recebemos, de diversas maneiras, uma chamada concreta para servir o Senhor. E ao longo da vida chegam-nos novos convites para segui-Lo, e temos de ser generosos com Ele em cada encontro. Temos de saber perguntar a Jesus na intimidade da oração, como Paulo: Que devo fazer, Senhor?  Que queres que eu deixe por Ti?  Em que desejas que eu melhore? Neste momento da minha vida, que posso fazer por Ti?

O Senhor chama todos os cristãos à santidade; e é uma vocação exigente, muitas vezes heróica, pois Ele não quer seguidores tíbios, discípulos de segunda classe. Se alguém quiser ser discípulo do Mestre, deve imprimir um sentido apostólico à sua vida: um sentido que o levará a não deixar passar nenhuma oportunidade de aproximar os outros de Cristo, que é aproximá-los da fonte de alegria, da paz e da plenitude.

Por causa desta Solenidade, recordamos hoje o “dia do Papa”. Pedro hoje se chama Leão XIV, que, há apenas dois meses à frente da Igreja, já nos mostrou o seu rosto de Pastor, seu amor pelo rebanho de Cristo, sua responsabilidade com o destino do mundo, da humanidade e da própria Igreja. Obcecado anunciador da Paz, o Papa Leão XIV merece de nós, hoje, todas as orações e boas intenções, assim como os primeiros cristãos rezaram insistentemente por Pedro.



CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2025

Neste ano, a Campanha da Fraternidade aborda outra vez a temática ambiental, com o objetivo de “promover, em espírito quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão integral, ouvindo o grito dos pobres e da Terra” (Objetivo Geral da CF 2025).

Estamos no decênio decisivo para o planeta! Ou mudamos, convertemo-nos, ou provocaremos com nossas atitudes individuais e coletivas um colapso planetário. Já estamos experimentando seu prenúncio nas grandes catástrofes que assolam o nosso país. E não existe planeta reserva! Só temos este! E, embora ele viva sem nós, nós não vivemos sem ele. Ainda há tempo, mas o tempo é agora! É preciso urgente conversão ecológica: passar da lógica extrativista, que contempla a Terra como um reservatório sem fim de recursos, donde podemos retirar tudo aquilo que quisermos, como quisermos e quanto quisermos, para uma lógica do cuidado.

Nesta Campanha, a Ecologia reaparece de uma forma nova, como Ecologia Integral, conceito tão caro ao Papa Francisco e que é tão importante no seu projeto de um Novo Humanismo Integral e Solidário, para o qual são bases a Amizade Social, tratada na CF 2024, a Educação, tratada na CF 2022 e no Pacto Educativo Global, o Diálogo, tratado na CF 2021 e a misericórdia ou Compaixão, tratada na CF 2020.

Para nós, a Ecologia Integral é também espiritual. Professamos com alegria e gratidão que Deus criou tudo com seu olhar amoroso. Todos os elementos materiais são bons, se orientados para a salvação dos seres humanos e de todas as criaturas. Assim, “Deus viu que tudo era muito bom!” (Gn 1,31).

Fazendo a leitura do Cartaz

O espírito da Campanha se expressa de maneira condensada no seu cartaz. Em destaque, São Francisco de Assis representa o homem que viveu uma experiência com o amor de Deus, em Jesus crucificado, e reconciliou–se com Deus, com os irmãos e irmãs e com toda a criação. No centro, a Cruz é um elemento importante na espiritualidade quaresmal. No cartaz, ela recorda a experiência do Irmão de Assis onde Francisco ouviu o próprio Cristo que falava com ele e o enviava para reconstruir a sua Igreja. A Quaresma é este tempo de reconstrução de cada cristão, cada comunidade, a sociedade e toda a Criação, porque somos chamados à conversão.

A natureza se faz presente na araucária, no ipê amarelo, no igarapé, no mandacaru, na onça pintada e nas araras canindés, que representam a fauna e a flora brasileiras em toda a sua exuberância, que ao invés de serem exploradas de forma predatória, precisam ser cuidadas e integradas pelo ser humano, chamado por Deus a ser o guarda e o cuidador de toda a Criação.

Os prédios e as favelas refletem o Brasil a cada dia mais urbano, onde se aglomeram verdadeiras multidões num estilo de vida distante da natureza e altamente prejudicial à vida. Cada um de nós, seres humanos, o campo, a cidade, os animais, a vegetação e as águas fomos criados para ser, com a nossa vida, um verdadeiro “louvor das criaturas” ao bom Deus.

A técnica da colagem  possibilita a união de elementos diferentes em uma única composição, refletindo a diversidade e a interligação entre tudo o que existe, entre toda a Criação e fazendo referência. à Ecologia Integral, onde todos os aspectos da vida – espiritual, social, ambiental e cultural – são considerados e valorizados. Cada pedaço na colagem, apesar de único, contribui para a totalidade da imagem, assim como cada pessoa e cada parte do meio ambiente tem um papel crucial na criação de um mundo sustentável e harmonioso.

A Campanha da Fraternidade é uma bússola para que muitas luzes sejam postas nos caminhos de todas as camadas sociais do nosso país. Com sua capilaridade, a Igreja se propõe a ser missionária da justiça e da paz neste contexto de polarizações e desmandos relacionais.