1º DOMINGO DO ADVENTO
30 de novembro de 2025
Leituras: Is 2,1-5 // Rm 13,11-14a // Mt 24,37-44
Vigiai!
O Advento celebra a vinda de Jesus Cristo no tempo e na história dos homens para trazer-lhes a salvação. É o advento da 2ª vinda de Cristo, a definitiva, que está em jogo nas 3 primeiras semanas. É, portanto, o tempo da expectativa da nossa jornada cotidiana, e o cristão é chamado a vivê-lo em plenitude para poder receber dignamente o Senhor no momento em que vier. Somente na última semana é que fazemos a memória da esperança bíblica pelo nascimento do Salvador e entramos na celebração do seu santo natal em Belém: o mistério da Encarnação.
O ritmo da vida atual, cada vez mais agitado, as engrenagens de um sistema que pretende planejar todos os movimentos do homem, mesmo o que há de mais privado, reduzem cada vez mais os limites do imprevisto. Tudo deve ser passado pelo computador, classificado, neutralizado, assegurado. Mas para o cristão, Cristo continua a ser um acontecimento revolucionador: quando irrompe em sua vida, impõe uma mudança radical que quebra e transforma a rotina cotidiana.
Cristo não pode ser programado; deve ser esperado. Devemos deixar em nossa vida um espaço para sua presença. A vigilância cristã permite ler em profundidade os fatos para neles descobrir a “vinda” do Senhor. Exige coração suficientemente missionário para ver essa vinda nos encontros com os outros.
O Senhor não vem no meio do ruído, não se encontra na agitação e na confusão. Veio na paz e para a paz. Uma palavra tão usada que se tornou banal: chama-se “paz” uma espécie de equilíbrio provocado pelo medo; todos falam de paz numa sociedade impregnada de violência e de opressão do homem pelo próprio homem. Hoje desaparece até a paz mais simples, a da família. Só Cristo pode reunir os homens dispersos pelo egoísmo e fazer de todos um único povo pacífico a caminho do monte de seu Templo.
A hora de Deus chega até nós, porque cada instante da nossa vida contém a eternidade de Deus. É preciso não nos basearmos unicamente na sabedoria humana, e não esperarmos uma intervenção ostensiva da parte de Deus. É no momento atual que é dada a salvação. Toda opção que se faz no presente, entre a luz e as trevas, é um sinal da vinda do Filho do Homem.
Na Primeira Leitura, o Profeta Isaías fala da “montanha da casa do Senhor”, que é uma comunidade de fé ideal que deve atrair para si todas as nações. Todos vão à sua procura para encontrar os melhores caminhos. E nela aprendem a “fundir suas espadas para fazer bicos de arado, fundir as lanças para delas fazer foices”, transformar as armas em instrumentos de trabalho, mudar a força de destruição em força de construção, abandonar as guerras e partir para a colaboração. O profeta projetava essa comunidade ideal, promotora da harmonia universal, para um futuro, que ele chama de “últimos tempos”. Esses “últimos tempos” não podem ser apenas o momento final da história, o fim da humanidade no planeta. É o futuro que já deve estar presente, é o futuro-presente que podemos pôr em prática como a etapa decisiva da humanidade inaugurada pela ressurreição do Crucificado.
Quando será, então, a vinda de Cristo? O Evangelho responde que ninguém pode saber, é imprevisível, mas que precisamos ficar atentos, ligados a Deus e seu projeto, mesmo no trabalho cotidiano. Inicialmente, Ele compara a situação do seu tempo com a do tempo de Noé, quando ninguém pensou que sua vida seria interrompida. Trata-se de uma advertência para estarmos conscientes de um fim inevitável, mas de data e hora imprevisíveis. E estar conscientes disso significa estar atentos aos apelos de Deus por meio dos fatos. O fim vem, é certo. Quando? Só Deus sabe.
Depois Jesus compara a situação de dois homens no campo ou duas mulheres em casa que, mesmo exercendo a mesma atividade, têm sortes diferentes ao chegar o momento final de suas vidas. O que importa não é exatamente o que estão fazendo, mas o modo como cada um está agindo na sua rotina cotidiana: estar vigilante, com o pensamento voltado para Deus e seu projeto, ou voltado apenas para si mesmo e seus sonhos. E finalmente vem a comparação do ladrão, que chega sempre quando menos se espera. Para não ser pegos de surpresa, é preciso vigiar, ficar acordados, atentos. Tudo isso quer dizer que não podemos ficar dormindo.
Para o apóstolo Paulo, na Segunda Leitura, estão dormindo aqueles que não têm esperança de que o mundo possa mudar nem nisso pensam. É preciso, então, estar acordados, viver como em pleno dia, fugir do consumismo e de todas as outras efêmeras e vazias preocupações, que não dão nenhum sentido à vida, nem nos amadurecem para a plenitude do sentido da vida para não sermos pegos de surpresa. Ao contrário, somos da luz e, como tais, vivemos unidos ao Senhor e Messias Jesus”, que já veio um dia, que vem sempre e que virá, com toda certeza, na culminância da nossa pobre e frágil vida neste mundo.
CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2025
Neste ano, a Campanha da Fraternidade aborda outra vez a temática ambiental, com o objetivo de “promover, em espírito quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão integral, ouvindo o grito dos pobres e da Terra” (Objetivo Geral da CF 2025).
Estamos no decênio decisivo para o planeta! Ou mudamos, convertemo-nos, ou provocaremos com nossas atitudes individuais e coletivas um colapso planetário. Já estamos experimentando seu prenúncio nas grandes catástrofes que assolam o nosso país. E não existe planeta reserva! Só temos este! E, embora ele viva sem nós, nós não vivemos sem ele. Ainda há tempo, mas o tempo é agora! É preciso urgente conversão ecológica: passar da lógica extrativista, que contempla a Terra como um reservatório sem fim de recursos, donde podemos retirar tudo aquilo que quisermos, como quisermos e quanto quisermos, para uma lógica do cuidado.
Nesta Campanha, a Ecologia reaparece de uma forma nova, como Ecologia Integral, conceito tão caro ao Papa Francisco e que é tão importante no seu projeto de um Novo Humanismo Integral e Solidário, para o qual são bases a Amizade Social, tratada na CF 2024, a Educação, tratada na CF 2022 e no Pacto Educativo Global, o Diálogo, tratado na CF 2021 e a misericórdia ou Compaixão, tratada na CF 2020.
Para nós, a Ecologia Integral é também espiritual. Professamos com alegria e gratidão que Deus criou tudo com seu olhar amoroso. Todos os elementos materiais são bons, se orientados para a salvação dos seres humanos e de todas as criaturas. Assim, “Deus viu que tudo era muito bom!” (Gn 1,31).
Fazendo a leitura do Cartaz
O espírito da Campanha se expressa de maneira condensada no seu cartaz. Em destaque, São Francisco de Assis representa o homem que viveu uma experiência com o amor de Deus, em Jesus crucificado, e reconciliou–se com Deus, com os irmãos e irmãs e com toda a criação. No centro, a Cruz é um elemento importante na espiritualidade quaresmal. No cartaz, ela recorda a experiência do Irmão de Assis onde Francisco ouviu o próprio Cristo que falava com ele e o enviava para reconstruir a sua Igreja. A Quaresma é este tempo de reconstrução de cada cristão, cada comunidade, a sociedade e toda a Criação, porque somos chamados à conversão.
A natureza se faz presente na araucária, no ipê amarelo, no igarapé, no mandacaru, na onça pintada e nas araras canindés, que representam a fauna e a flora brasileiras em toda a sua exuberância, que ao invés de serem exploradas de forma predatória, precisam ser cuidadas e integradas pelo ser humano, chamado por Deus a ser o guarda e o cuidador de toda a Criação.
Os prédios e as favelas refletem o Brasil a cada dia mais urbano, onde se aglomeram verdadeiras multidões num estilo de vida distante da natureza e altamente prejudicial à vida. Cada um de nós, seres humanos, o campo, a cidade, os animais, a vegetação e as águas fomos criados para ser, com a nossa vida, um verdadeiro “louvor das criaturas” ao bom Deus.
A técnica da colagem possibilita a união de elementos diferentes em uma única composição, refletindo a diversidade e a interligação entre tudo o que existe, entre toda a Criação e fazendo referência. à Ecologia Integral, onde todos os aspectos da vida – espiritual, social, ambiental e cultural – são considerados e valorizados. Cada pedaço na colagem, apesar de único, contribui para a totalidade da imagem, assim como cada pessoa e cada parte do meio ambiente tem um papel crucial na criação de um mundo sustentável e harmonioso.
A Campanha da Fraternidade é uma bússola para que muitas luzes sejam postas nos caminhos de todas as camadas sociais do nosso país. Com sua capilaridade, a Igreja se propõe a ser missionária da justiça e da paz neste contexto de polarizações e desmandos relacionais.

