Plano de Ação

PLANEJAMENTO DA AÇÃO EVANGELIZADORA 2021-2023

 1. FUNDAMENTAÇÃO E MOTIVAÇÃO

1. A renovação das paróquias no início do terceiro milênio exige a reformulação de suas estruturas, para que seja uma rede de comunidades e grupos, capazes de se articular conseguindo que seus membros se sintam realmente discípulos e missionários de Jesus Cristo em comunhão” (Documento de Aparecida, 172).

A Sociologia entende o conceito de “comunidade” como uma associação vital e orgânica, fruto de uma vontade natural de estar juntos de forma mais ou menos prolongada; teria as características de intimidade, confiança e partilha de vida. Portanto, a comunidade é uma reunião natural de pessoas, feita de certa inclinação mútua, confiança, reciprocidade, doação, amor, vive do vital e do afetivo. A Conferência de Santo Domingo (1992), constatando a defasagem entre o ritmo da vida moderna e os critérios que ordinariamente animam a paróquia, propôs a renovação paroquial por meio de uma estruturação que favorecesse o surgimento de pequenas comunidades eclesiais, por mais responsabilização laical e maior dinamismo missionário (SD 60). Destacou a paróquia como “comunidade de comunidades e movimentos”, como “comunhão orgânica e missionária”, como “rede de comunidades”.  Confirmava-se assim o desejo da Conferência de Puebla (1979), que pensava a paróquia como “centro de coordenação e animação de comunidades, grupos e movimentos: o lugar do encontro, de fraterna comunicação de pessoas e de bens, assumindo uma série de serviços que possam atingir os migrantes mais ou menos estáveis, os marginalizados, os separados, os não-crentes e, em geral, os mais necessitados” (Documento de Puebla, 644).

2.Entre as comunidades eclesiais, nas quais vivem e se formam os discípulos e missionários de Jesus Cristo, sobressaem  as Paróquias como células vivas da Igreja e o lugar privilegiado no qual a maioria dos fiéis tem uma experiência  concreta de Cristo e da comunhão eclesial. São chamadas a serem casas-escolas de comunhão” (Documento de  Aparecida. 170).

3.O redescobrimento da comunidade é da essência do ser cristão e do ser Igreja. O batizado nasce para Cristo e para a salvação na comunidade e a ela se agrega de modo ativo. Pertence-se a Cristo, pertencendo a uma comunidade eclesial de maneira afetiva e efetiva. Não há cristianismo individualista, nem por livre escolha” (PEREA, J. Outra Igreja é  possível. Madrid: HOAC, 2011, p.272).

2. OBJETIVOS 

Atendendo aos apelos das Conferências Episcopais Latino-Americanas e as Diretrizes Pastorais da Igreja no Brasil e na nossa Diocese, o objetivo da ação evangelizadora em nossa Paróquia neste triênio é fazer todos os esforços para transformar nossas comunidades em verdadeiros

  •  espaços de encontro pessoal com Jesus Cristo – desencadeando ações concretas de modo a repor a reserva de sentido para a vida e prática dos cristãos no mundo, livrando-os das tentações do materialismo ou das tendências fundamentalistas, sobretudo ajudando a encontrar referências autênticas de sua experiência religiosa, guiada pela graça de Deus, seja na Palavra do Evangelho, na celebração da Liturgia, na relação de comunhão com a Igreja e de solidariedade com os pobres;
  •  espaços de comunhão – cuidando do coletivo, procurando despertar nas pessoas o gosto pela partilha de vida e destino. Um cuidado eficaz das questões subjetivas das pessoas deve levá-las a descobrir os valores da vida em comum;
  •  espaços de formação – favorecendo programas permanentes e amplos de formação, que por sua vez habilitem leigas e leigos católicos a serem evangelizadores, missionários e apóstolos;
  •  espaços de desenvolvimento da missão – tornando a Igreja mais leve a aberta à dimensão missionária que fazem os cristãos irem ao encontro das pessoas onde elas estão.

3. PISTAS PASTORAIS 

1. Insistir na prática de uma Igreja de Comunhão e Participação e favorecer o surgimento de novas Comunidades

  •  Favorece uma estruturação paroquial baseada em um trabalho em equipe, em perspectiva “sinodal” (= caminhar juntos):

a) Conselhos Pastorais Comunitários: instrumento de participação efetiva das forças vivas da paróquia nas decisões;

b) Processos de Planejamento e produção de planos de pastoral verdadeiramente eficazes.

  •  Tem base nos textos neotestamentários e segue a prática eclesial dos primeiros cristãos e da Igreja Antiga;
  •  Modelo mais adequado para os tempos modernos, sensíveis aos anseios de liberdade e participação (“as vozes das ruas”);
  •  A multiplicação de novas comunidades se constitui numa forma concreta de viabilizar a paróquia na perspectiva de uma Igreja mais participativa;
  •  Comunidades pensadas em forma de rede, onde se leva em conta que as pessoas, no mundo urbano, tecem relações em diversos âmbitos com uma multiplicidade de outras pessoas, lugares, funções e serviços, inclusive na Igreja;
  •  Flexibiliza o critério geográfico na organização dessas comunidades, apoiadas mais sobre a escolha pessoal, os interesses afetivos e de ordem subjetiva;
  • As CEBs têm mais chance de manter vivas a amizade e a comunicação entre as pessoas, o sentimento de ser bem acolhido e o gosto de participar;
  •  Favorece o surgimento e melhor aproveitamento de carismas e ministérios.

2. Atender às demandas da subjetividade, mas a partir de Jesus Cristo, buscando a conversão pastoral e renovação missionária das comunidades

  •  Cuidar do coletivo.
  • É urgente uma atenção muito grande às pessoas, num atendimento personalizado (pastoral centrada na pessoal e não na instituição);
  •  Abrir espaços aos novos sujeitos eclesiais: pastoral de inclusão;
  •  Considerar as dimensões “acolhida”, “escuta” e “visita” na totalidade do processo evangelizador.

3. Avançar na construção de uma Igreja inculturada e prosseguir na missão de profetismo social da Igreja, de olhos voltados para a cidade

  •  Valorizar grupos específicos, segundo a etnia, a classe social, a procedência, etc., numa valorização multicultural;
  •  Motivar os cristãos irem ao encontro das pessoas onde elas estão;
  •  Ao contrário do mundo globalizado, fazer a clara e transparente opção evangélica pelos pobres, “feridos” e excluídos, não como objetos mas como sujeitos da evangelização, aproximando-os da civilização tecnológica e redescobrindo a si mesmos, sua dignidade, sua filiação divina e os grandes valores humanos;
  •  Defender o ecossistema, gritando contra tudo o que debilita a sustentabilidade da biodiversidade planetária;
  •  Apoiar efetivamente as pastorais sociais como vozes proféticas do Reino de Deus.

4. Recuperar as raízes espirituais e místicas do cristianismo

  •  Referendar autenticamente a experiência da graça de Deus, seja na Palavra do Evangelho, seja na celebração da Liturgia, na relação de comunhão com a Igreja e de solidariedade com os pobres;
  •  Reativar a experiência cristã originária, por meio do cultivo de novas formas de espiritualidade mais cotidiana, mais acessível, mais personalizada, mais dialogante;
  •  Redescobrir a dimensão mistérica da Igreja e a comunhão trinitária como fundamento da comunhão eclesial;
  •  Valorizar a presença da Vida Consagrada na comunidade;
  •  Voltar às fontes litúrgicas para dar nova vida às celebrações, sem cair nas superficialidades estéreis.
  •  Recolocar o compromisso social a partir da mística e da espiritualidade cristãs.

5. Investir na formação sistemática e de qualidade do laicato

Para cumprir sua missão com responsabilidade pessoal, os leigos necessitam de uma sólida formação doutrinal, pastoral, espiritual e um adequado acompanhamento para darem testemunho de Cristo e dos valores do reino no âmbito da vida social, econômica, política e cultural” (Documento de Aparecida 212).

  •  Favorecer programas permanentes e amplos de formação, que por sua vez habilitem leigas e leigos católicos a serem evangelizadores, missionários, apóstolos;
  •  Favorecer a formação sistemática e acadêmica de qualidade aos leigos (homens e mulheres, especialmente à grande massa jovem que irrompe nas comunidades) e incentivar diversas iniciativas formativas, inclusive à distância;
  •  Garantir a efetiva presença leiga nos ministérios que a Igreja lhes confia, assim como nas instâncias de planejamento e decisões pastorais, valorizando sua contribuição;
  •  Incentivar a Pastoral da Juventude nos processos de educação e amadurecimento na fé como resposta de sentido e orientação da vida e garantia de compromisso missionário;
  •  Formar Catequistas capazes de promover e acompanhar a iniciação e re-iniciação da vida cristã, com olhar especial para os adultos;
  • Favorecer a ampla participação dos homens e pais de família na Igreja, por meio de atividades pastorais específicas.

4. DINÂMICA DA EVANGELIZAÇÃO

Nesta caminhada, não podemos nos distanciar das 5 Urgências que implicam uma maior eficácia no processo evangelizador que são ainda reassumidas nas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil. À luz destas urgências, e diante da atual situação sócio-político-econômico-cultural-religiosa em que se encontra o povo deste  nosso Brasil, retomamos alguns compromissos na última Assembleia Paroquial de 2018, visando 2019, que aqui queremos recordar. É mais do que nunca necessário sermos:

  1. Igreja em estado permanente de Missão:

Nesta dinâmica, queremos ver nossas Pastorais atuando em lugares específicos da vida social cotidiana das pessoas (casas, novos bairros, ambientes de trabalho, escolas, comércio, creches, presídios, hospitais, população de rua – crianças, jovens, adultos e idosos, etc.) mediante séria organização logística da própria pastoral, acompanhada de muitas revisões e re-planejamentos.

  1. Igreja – Casa da Iniciação Cristã:

Acolher, primeiramente, a visão que as pessoas tem de Jesus em sua própria realidade para, daí, poder-se apresentar a pessoa de Jesus na perspectiva do Evangelho e da doutrina da Igreja, conduzindo o projeto paroquial em toda a sua amplitude com inspiração catecumenal.

  1. Igreja – lugar de animação bíblica da vida e da pastoral:

Descentralizar as reuniões de Conselhos Comunitários, Grupos de Evangelização e Coordenações Pastorais da paróquia, procurando realizá-las nas casas das pessoas, aproveitando a dinâmica do rico material dos Grupos de Reflexão. Vale insistir na realização da Escola da Fé e da Bíblia como estratégia de amadurecimento da consciência e da prática cristã das comunidades, abrindo-a aos fiéis em geral, ainda que não participantes de pastorais específicas.

  1. Igreja – Comunidade de comunidades

Fomentar a criação de grupos de redes sociais (whats-app, facebook, instagran e outros) em nível interparoquial, diocesano e mesmo interdiocesano para intercâmbio e divulgação de boas notícias sobre a Igreja e a vida cristã e também como troca de experiências para o alargamento da visão pastoral. Fazer os planejamentos pastorais da paróquia de maneira intracomunitária, de modo que as comunidades não se isolem numa ação particularizada e possam assumir como comunidade o que é prioridade na paróquia (também no nível econômico e financeiro).

  1. Igreja – a serviço da vida plena para todos:

Procurar e criar parcerias com instituições específicas especializadas em cada setor das pastorais sociais para evitar o amadorismo e as ineficiências de algumas ações de promoção da vida. Para tanto, é importante envolver as comunidades e organismos pastorais das comunidades nos acontecimentos e iniciativas importantes das outras comunidades da paróquia como um todo e da Diocese.